Speechless

Faz tanto tempo desde a última vez em que eu escrevi aqui e tanta coisa mudou.  Acontece que, de alguma forma, tudo continua tão igual. E eu quis tanto escrever, tirar um pouco isso de mim, até o fiz, mas nada me pareceu bom o suficiente ou interessante o suficiente. Exatamente porque quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas e isso. é tão. cansativo.
Tem tanta gente pra quem eu preciso ligar, não só gente que pode realmente mudar o cenário, mas gente de quem eu preciso por motivos de preciso. E daí eu to  aqui incapaz de pegar o telefone e vai saber porque.
E não fosse o suficiente estar super precisada daquela terapia a gata resolve que dá estágio com pessoas loucas, então tá. Eu queria apenas comentar que apareço (quando apareço) depois das 9h e saio antes das 15h30m e ainda assim teve nega que me achou ~~ameaçadora o suficiente para simular que eu furtei coisas do escritório. risos. muitos risos.
Uma vida resumida em sentir que se está a milhas e milhas e milhas de qualquer lugar decente. Em qualquer momento da vida. Em qualquer fragmento de sonho.

***

– Pai, to tão insatisfeita com a minha vida.
– Todo mundo tá insatisfeito. Tem gente que finge melhor.

***

Uma biblioteca linda no escritório, cheia de títulos deliciosos. A gata escolhe para ler nesta semana super legal: Amar, verbo intransitivo. Só queria que todos soubessem que se a vida está um saco a culpa disso é toda minha.
Pelo menos o boy tá barbudo (depois de uma insistência sem fim, acho que ele desistiu) e me ama.

Na sexta-feira, ao meio-dia, aconteceu comigo uma coisa que eu buscava há meses. Depois de tanto estudo, de tanto sacrifício, de comer mal e descansar muito pouco, passei numa prova dificílima, provei minha capacidade, fiquei orgulhosa de mim.
À uma da tarde, confirmei uma suspeita horrorosa e desprezível e desde então nada faço além de me perguntar o que dá pra fazer com isso.

No sábado, às três e quarenta da manhã, eu não conseguia dormir nem respirar direito e fui me esconder dos meus monstros debaixo da tua coberta. Você me abraçou e “shhh… respira fundo, assim ó” e de repente eu consegui respirar de novo e finalmente adormecer.
Às dez da noite, você me levou pra sair. E daí tocaram “Daughter” na festinha e você reparou meus olhos tristes, mas disfarçou um pouco antes de me levar embora.

No domingo, às seis e meia da manhã, eu estava prestes a enlouquecer quando você ouviu meus soluços e de um salto veio parar ao meu lado. “Shhh… respira!” E o carinho na cabeça. E finalmente o desmaio.
Daí você me trouxe pra casa e voltou pra sua, porque o fim de semana acabou.

E eu aqui, ainda imaginando o que será que dá pra fazer com isso.
E soluçando e enlouquecendo e sem conseguir respirar direito.
E, por alguma razão, parece que eu só consigo respirar quando você respira do meu lado, só consigo dormir quando você dorme do meu lado.
E eu aqui, morrendo de medo de nunca mais dormir.

Por favor, volta.

Sol na casa 8, Lua na casa 1

“Neste período, que vai de 01/07 (Hoje) a 03/07, a passagem do Sol pelo setor das crises pessoais pode significar um transbordamento de emoções e problemas que você tem tentado evitar nos últimos meses, Ana. A Lua em trânsito pela Casa 1 lhe chama à consciência de suas emoções, mas sugere também uma certa instabilidade emocional. A Lua neste momento pede que você não faça de conta que não existem coisas que lhe incomodam e que dê atenção a estes pontos.”

Querida Lua na casa 1, eu não tenho tempo pra isso. Não agora, não amanhã e nem dia 03. Instabilidade emocional, rá. Olha, esse surto vai ter de esperar mais um bocadinho…

Será que se eu enfiar os dedos nos ouvidos e gritar lalalalalalaáááá, consigo continuar fingindo que esses problemas não existem? Espero que sim, porque é exatamente o que eu pretendo fazer.

kd vodca

Dois.

Miguel, dois anos! Dois anos inteirinhos, como você cresceu! Como eu cresci também, juntinho com você.  Se eu parar pra pensar direitinho, acho que você me ensina muito mais do que eu ensino a você. Desde que me tornei a “tia Ana”, me sinto mais responsável. Pelas minhas atitudes e pela maneira de encarar a vida, principalmente. Todo o cuidado do mundo é pouco quando você me olha com a sua carinha de dúvida, porque eu sei que aquilo que te digo hoje e que te ensino como certo/errado hoje vai grudar na sua cabecinha e demorar pra sair. Porque você é inocente e não merece que coloquemos caraminholas onde devem haver apenas alegria, simpatia e  esses fiozinhos finos e loirinhos por enquanto.
Me enche de ternura o modo como nós temos coisinhas só nossas, e o jeito que você ri gostoso das brincadeiras mais bobas do mundo que eu invento pra te distrair. Amo o fato de você adorar ir dormir comigo, só porque eu faço suas vontades e te deixo brincar cinco minutinhos além da conta, ou porque eu te conto histórias onde o Lobo Mau tem um trator grandão (e você adora trator grandão!) e os porquinhos somos todos nós, até a Malu.
Peço a Deus todos os dias pra continuar cuidando bem muito de você, e colocar mais uns dois anjinhos da guarda na sua cola, que eu acho que os seus estão fazendo hora extra e ficando cansados, isso porque você é MUITO levado e toma um tombo a cada cinco minutos.
Às vezes a tia Ana precisa estudar e eu sinto muito que você ainda não entenda que eu não posso te dar atenção nessas horas, mas você é esperto e logo logo vai saber. Às vezes você faz ou fala umas coisas feias (muitas você aprendeu aqui em casa, até) e a tia briga e fica brava, mas logo você entende que não é tudo o que seus pais e avós ou padrinhos fazem que é bonito. Nós erramos muito, também.
O importante é que você saiba que nós queremos, do fundo do nosso coração, acertar tudo pra você. Queremos fazer que tudo seja mais fácil pra você do que foi e é pra nós. Claro que algumas vezes vamos conseguir, outras vezes não vamos. Muitas vezes vai ser difícil pra você, porque é assim mesmo. Mas aí você vai descobrir que o fácil não tem tanta graça quanto o difícil. E você vai ter a nós todos, sempre. E o difícil vai ficando fácil porque você vai ficando craque nisso.

Piquitinho, amo você demais. Amo você que  quase não cabe. Pra sempre.
Feliz aniversário!
Um beijo grandão (maior que o trator!) da madinha Ana.

Que dó!

Quando eu te conheci, a única coisa que sabia sobre você eram as estórias que ouvia de um homem que eu amava e que havia compartilhado grande parte da própria vida com você. Então, logo, a admiração dele tornou-se minha também, porque a face que você mostrava era realmente admirável. Inteligente, amigo, presente. Eu te achava foda quando ainda não sabia que você tinha muitas caras, a maior parte delas quiméricas e fantasiosas.
Quando tudo veio abaixo – todas as suas mentiras, as mentiras de todos vocês e junto com elas um ano inteiro, um mundo inteiro no qual eu acreditava – eu senti o chão ruir. A princípio eu não acreditei, ou não quis acreditar. Senti meu corpo ser invadido por uma espécie de torpor que me impedia de pensar direito, de agir direito. Esperei pelo momento em que você fosse ligar e, de alguma forma, tentar me explicar como era aquilo. Mas os dias passaram, com eles semanas e meses passaram e eu acabei me dando conta do que havia acontecido. E aí outra vez aquela modorra e finalmente o estalo que fez quando tudo se encaixou.

Eu costumo agradecer a Deus pela sorte de eu tenho, de nunca ter me envolvido com gente ruim de verdade e até cheguei a pensar que, olha, você era essa pessoa. Mas não. Você não tem coragem o suficiente pra ser ruim de verdade. Você é covarde, pequeno. Se esconde sob sua máscara de bacana, de ouvinte, e daí faz todo o tipo de falsidade com aqueles de quem você jura ser amigo. Trata as pessoas como se elas fossem objetos descartáveis e estivessem ali apenas para te divertir enquanto você não se cansa. Passa por onde precisa, insultando a inteligência de quem seja, usando quem achar que deve.
http://www.orlandopedroso.com.br/Já tive todo o tipo de raiva de você. Já tive raiva de mim por achar que estava voando quando na verdade eu caía feito uma fruta mole de uma árvore alta demais. Tive muita raiva, até bem pouco tempo, porque não conseguia compreender como era possível alguém agir da maneira como você age.
E daí eu te vi de novo, muito, muito tempo depois. Lembrei que, da última vez em que eu te vi, eu te achava o máximo. E fiquei com pena porque você é feio. Por dentro e por fora. E eu nunca tinha me dado conta disso.
O modo como você tentou me abraçar e como forçou a intimidade que já não existe me fez querer gargalhar. O jeito como você se fingiu de ofendido quando eu te cortei depois da milésima vez em que eu fui obrigada a ouvir você forçando a barra incessantemente, isso me fez querer vomitar. A primeira vez em que eu senti essa náusea tão forte, a primeira vez em que julguei alguém tão mal, e, talvez por isso, a maior decepção que eu já tive com alguém.
No carro de volta pra casa eu lutava pra segurar o estômago dentro do tórax enquanto agradecia novamente a Deus, mas desta vez pelo que eu tenho de verdade. Meus amigos que dariam um mundo por mim, que eu pude reconhecer quem são realmente, graças, em parte, a você. Um amor que não é perfeito, mas que me faz bem e que encara junto comigo, dia-a-dia, os próprios erros enquanto tenta consertá-los.
É uma pena você ser o tipo de pessoa que tem tudo pra ser incrível e não consegue ser. Como um filme com o melhor enredo, os melhores atores, porém com um diretor babaca. Você jamais vai ser capaz de experimentar o que é amar alguém o suficiente pra jamais pensar em fazer algo que machuque, ainda que minimamente, o que existe entre vocês. Você não conhece caridade, amizade, empatia. Você não conhece o amor.
Que dó.

Amarelo-ouro

Me achei sentindo uma saudade de você tão desmedida, que eu jurava que podia desmaiar a qualquer momento. Parecia que as pequenas saudades que eu vinha sentindo todo dia resolveram se unir contra mim numa forma de protesto por ter, deliberadamente, parado de te procurar.

Cheguei a pensar que isso era mesmo muito inconveniente, mas me lembrei de que, nesses tantos anos, você jamais foi inconveniente. Nunca me incomodou, nem nas coisas que, em outras pessoas, me fariam querer arrancar os cabelos. Como esse jeito tão calmo de lidar comigo e minhas neuras, me aquietar a alma; ou como quando a ideia era totalmente sua e tudo fazia parecer que havia saído da minha cabeça. Seu jeito de andar, de menino que cresceu demais e de repente parecia não saber o que fazer com todo aquele tamanho. Ou como quando você segurava a minha mão, tão leve. Tão leve e depois me apertava inteira.

Reli seus e-mails (os que não foram-se embora com o hotmail que perdi) e chorei, desnorteada, ao não conseguir mais me encaixar ali dentro. Você me descrevia como alguém tão livre e se dizia inclusive amedrontado por aquela liberdade. Aonde? O que eu nunca tive coragem de te contar é que eu era livre assim somente com você e pra você, porque você me permitia essa liberdade. Se havia alguém com quem eu podia ser exatamente aquilo que desejasse, esse alguém era você. E era exatamente essa liberdade que me prendia a nós dois e àquela ideia de ir vender santinho de barro e artesanato em qualquer lugar de Minas.

Se há uma saudade que vai ficar em mim pra sempre, essa saudade é sua, toda sua. Você continua tão amarelo, de olhos tão verdes, e tão sorridente, e tão incrível e tão lindo quanto sempre foi nos meus sonhos e é de verdade .

E eu que achava impossível amar mais de uma vez ao mesmo tempo, porque o amor devia ser tão inteiro e intenso e completo, logo eu que duvidava desse amor, acabei de me dar conta que ofereci um amor inteirinho a outra pessoa sem pra isso ter que tirar sequer um pedacinho do amor que é seu e continua aqui da mesma maneira que sempre foi: inteiro, intenso e completo. E parece que vai ser assim pra sempre.

Das desvontades

Você já atravessou a rua só porque viu que alguém conhecido se aproximava? Não estou falando de “conhecidos”, daqueles que você não se importaria sinceramente nem por um segundo se morressem. To falando de gente conhecida mesmo, com quem você simpatiza ou até gosta.

Daí eu tava voltando pra casa hoje na hora do almoço e eu vi que fiz isso. Eu vi uma moça que eu conheço e até gosto, mas fingi não notar e atravessei a rua, porque vai que essa desvontade é contagiosa? Já pensou, a moça tá lá toda feliz escolhendo os tomates dela (ela tava na quitanda, perto de casa), despreocupada da vida, enquanto eu me aproximo sorrateiramente e despejo toda essa falta de querer em cima dela. Nada é tão ruim quanto essa languidez inconveniente, e eu não desejaria isso pra minha conhecida, de quem eu inclusive gosto.

Ontem foi bom porque eu tava tão mal, mas daí ele me ligou e percebeu. E veio. E me abraçou forte e me beijou fundo e disse que “minha querida, você não pode ficar assim, o que eu posso fazer por você?” e eu queria dizer que tudo o que ele podia fazer ele já tinha feito, mas nada saiu. É engraçado como umas coisas fáceis de sair crescem na garganta da gente mas parecem que grudam no céu da boca. Feito bala de goma. Ou aquelas 7 Belo.
Outro dia eu precisava ir ao banco pagar uma conta, mas achei que era tanto esforço desnecessário, e no mesmo instante em que eu desci do ônibus me bateu uma ânsia incontrolável e desmedida de ir pra casa. Sentei na praça e chorei um pouco, me perguntando qual seria a utilidade de todo aquele drama pra pagar a porra de uma conta no banco. Né?

Então eu não vou. Preciso de um documento do colégio aonde terminei o ensino médio, mas fica pra outro dia. Tem uma palestra na faculdade, mas será que eu vou? Tão longe de casa, demora tanto pra voltar… Vale a pena sair de casa, se quando as pessoas falarem comigo eu vou apenar revirar os olhos e usar um misto de sarcasmo e ironia, apenas pra elas desistirem de mim antes que eu desista delas?

Não, acho que eu não vou.

Sem título #1

Você é tão lindo que hoje eu me peguei aqui pensando se você consegue ter uma vida normal. Porque, veja só: é impossível articular palavras, que dirá frases quando você está perto demais. Será que você já conseguiu conversar com alguém que não fosse da sua família ou que você não conhecesse desde criança? Aliás, você devia ser uma criança lindíssima. Ou talvez o mundo inteiro não seja assim tão tolo quanto eu.
Eu finjo que sou forte e tento não fazer cara de pateta quando você se aproxima, mas cara, você sorri com covinhas no canto da boca e quando eu dou por mim tô aqui pagando de abestalhada sem conseguir pensar noutra coisa que não seja esse sorriso incrível e, meus ais!, covinhas tão miúdas, tão lindas, tão. Covinhas.
Você é tão grande e cheio de si e presente. Enche uma casa inteira. Enche de gargalhada alta, de cheiro de loção pós-barba misturado com cigarro, enche de uma ternura tão profunda quanto nova. E você é tão… solar, Deus! Você e seu sorriso largo cheio de bochechas, parece a personificação do verão, do calor, da vontade. Da minha vontade.
Impossível não te querer assim.

Momento mole de uma tarde de abril
–                                                        Flora Figueiredo 

(…)
Cheiro de café fresco,
vindo da cozinha.
Tem coisa melhor que manteiga derretendo
em pão quetinho ?
Às vezes Deus acerta tanto
que a gente nem sabe como agradecer.
Por isso é que não se mata passarinho.
E tem goiabada com queijo,
melado com farinha,
pinga com limão.
O resto, a vida ajeita.
Não fosse a obrigação,
a Criação teria saído bem perfeita.

Anu branco dá azar.
Passa, danado!
Vai assombrar o telhado do vizinho,
que hoje é feriado e não quero amolação.
Pai-Nosso só amanhã.
nem banho, nem barba feita,
nem ouvido pra conversa de mulher,
Um futebolzinho na televisão,
um noticiário qualquer,
até o sono chegar, dando coceira na nuca,
coisa mais maluca, sem pé nem cabeça.
Antes que o corpo amoleça,
um cigarro e mais um trago,
que desse mundo nada se leva
e essa vida não vale um vintém.
(…)

Que seja.

Tem tanto tempo que eu quero escrever algo sobre nós dois, sobre a paz que tomou conta da gente e nos fez mais fortes.
Acontece que toda vez que eu sentava aqui pra escrever e começava a me sentir orgulhosa e feliz, era como se uma voz gritasse dentro da minha cabeça. E ela gritava que não, eu NÃO PODIA me sentir daquela forma, eu não podia me sentir alegre ou leve com relação a nós dois.  Era uma vergonha que eu estivesse feliz, eu só podia ser mesmo uma burra por estar feliz. A felicidade foi feita apenas para os idiotas; quem possui um cérebro e a capacidade de usá-lo está fadado a sentir-se miserável eternamente.

Então, ser feliz com você seria assim tão absurdo? Mais absurdo que nos condenar a essa falsa sensação de paz? Mais absurdo que ter me permitido ser feliz quando gente que sequer chegou a me amar me fez sofrer tanto; mais absurdo que perdoar essa gente?

Então, que seja.
Eu não posso continuar fechando meus olhos pra todo o bem que você tem me feito, nem agir como se tudo fosse uma compensação pelo que aconteceu conosco. Eu não posso continuar me comportando como se, pelo fato de você ter cometido um erro — enorme, é verdade, mas um erro — toda a minha arrogância seja compreensível.

Você foi capaz de transformar toda aquele vazio e aquela dor num sossego que eu não sei começar a descrever. Me fez querer ser paciente e te ver mudando, dia após dia, me fez querer ficar pra perceber essa mudança.

De um jeito meio torto, me lembrou a primeira vez em que você disse que me amava. A gente viajou pro litoral com os seus amigos e você ficou bêbado demais, cedo demais.
— Eu te amo, cara — eu não sei como você consegue, mas tem hora que você sorri com a cara toda e naquela hora você sorria com os dentes, a boca, os olhos e o nariz. Lindo. Lindo.
— Você tá bêbado.
— Mas é verdade.
— Amanhã você nem vai lembrar disso.
— Amanhã eu vou acordar sóbrio e vou te dizer de novo que eu te amo.

E foi o que você fez na manhã seguinte. E foi assim que, dia após dia, você acordou sóbrio de toda essa bagunça e me disse de novo, e de novo, e de novo. Até que eu finalmente acreditasse. Até que eu dissesse de volta. Até que eu desejasse te amar de novo do mesmo jeito que eu te amei quando te vi sorrindo com o queixo e as sobrancelhas, ainda não sei se do álcool ou se da  antecipação de dizer “eu te amo” pela primeira vez.

E é assim que eu desejo te amar. Sem pensar demais, nunca mais, pra não me privar de sentir a ternura que eu sinto pelos seus olhos castanhos. Essa ternura que eu sinto pelo seu cabelo despenteado, pela sua bermuda surrada. Essa ternura de cheirar seu pescoço e querer sentir isso pra sempre.

Então, que seja. Que seja dócil até ser bobo de novo.